TERÇA-FEIRA, 13 DE DEZEMBRO DE 2011
Paulo Ricardo, vocalista do RPM, fala com exclusividade à Profashional
Por Mirella Stivani
O RPM marcou a história do rock brasileiro. Fez um sucesso arrebatador nos anos 1980, vendendo milhões de discos. Mas, divergências entre os integrantes provocaram o fim da banda, em 1987. Após algumas tentativas de retorno, finalmente, o grupo está de volta com a formação original: Paulo Ricardo (vocal e baixo), Fernando Deluqui (guitarra), Paulo P.A. Pagni (bateria) e Luiz Schiavon (teclado). E tanto para os fãs saudosistas como os novos, a boa notícia é que um novo CD (duplo) já está à venda: Elektra.
A seguir, Paulo Ricardo, vocalista do RPM, em uma entrevista exclusiva à Profashional, conta um pouco mais sobre a volta da banda.
Profashional: Como é voltar a tocar juntos depois de tantos anos separados?
Paulo Ricardo: Trabalhar com esse novo projeto tem sido fantástico para todos nós. Temos uma relação de amizade e respeito. Quando a banda se encontra para tocar, pode passar o tempo que for a química e o entrosamento é muito instantâneo. O RPM está de volta para ficar!Profashional: Nos anos 80, as músicas falavam de política. O que o CD Elektra traz de novidade (s)?
Paulo Ricardo: Naquela época vivíamos sob uma forte ditadura militar, hoje não mais. Temos um governo com 85% de aprovação, não temos como criticar esse número. Ainda sim, temos muitos problemas políticos que influenciam de forma negativa o povo brasileiro. Neste novo projeto temos uma faixa “Problema Seu” que traz uma reflexão política.Profashional: Como tem sido o público que vai ao show de vocês: maioria de fãs antigos ou tem gente nova no pedaço?
Paulo Ricardo: Temos visto nos show que o público do RPM não tem idade. Vimos adolescentes de 14, 15 anos cantando as músicas atuais e também cantando músicas que eram do lado B do nosso trabalho de 25 anos atrás, impressionante. Além disso, temos visto os fãs das antigas, que sempre nos acompanham e trazem novos. Estamos muito felizes!Profashional: O RPM de agora continua puro rock ou traz influências de outros ritmos?
Paulo Ricardo: Procuramos atualizar a sonoridade da banda que foi pioneira na utilização da eletrônica no pop rock brasileiro, e constatamos que de lá pra cá muita coisa aconteceu. Mas nosso maestro, Schiavon, com sua experiência, inseriu o que há de mais moderno, trazendo para a banda um áudio com tecnologia de ponta. De certa forma, somos uma referência do rock brasileiro e isso é bastante desafiador “Elektra” tem um repertório dançante, com apenas duas canções mais lentas, e letras que retomam nossa tradição politizada e mostram que o garoto de Olhar 43 cresceu e agora tem uma visão muito diferente dos relacionamentos. Fala-se de amor, mas não de maneira tão romântica. Por exemplo, em “Ela é Demais Para Mim” tem um trecho que diz “Dizem que o amor é um cão no inferno”.Profashional: No passado, o RPM acabou por divergência entre os integrantes. Agora, isso é coisa do passado?
Paulo Ricardo: Quando o RPM estourou, éramos todos muito jovens. Conheci o Schiavon quando tinha 16 anos. Foi difícil para todos absorver o que estava acontecendo em nossas vidas naquele momento. Hoje não. Hoje todos nós já sabemos o que queremos, estamos muito focados nisso, muito mais profissionais e, de fato, a separação nos fez amadurecer e aprimorar o que temos de melhor no universo musical.Paulo Ricardo: Estamos vivendo o momento e nos dedicando 100% a nossa nova turnê. Em 2012, talvez em março, iremos lançar um DVD ao vivo, mas antes queremos colocar um número maior de músicas em nosso repertório até para que nossos fãs possam conhecer melhor as novas músicas.